sábado, 19 de janeiro de 2013

Dando credito a quem merece. pt. 1 ( Mais uma historia sobre magia)


- Ela ta sangrando!
O barulho ecoava de longe, antes mesmo do grupo adentrar o Caern.
-Corre porra! Levanta a cabeça dela! Não deixa ela desmaiar!
-Olha pra mim Ju vai ficar tudo bem.
-Liga logo para o Alex!
-Vou buscar ele. - Falou Miguel milésimos antes de com um chute sem alvo, desaparecer no ar.
 Eles a carregaram até uma mesa de plastico branca que havia no centro da sala, e em nenhum momento a Julia parou de gritar.
-AAAA! Eu vou morrer porra! Cadê o Marcelo?
Um som forte de vidro trincando se espalhou mais alto do que os gritos de agitação, um cheiro de incenso infestou o ar enquanto isso uma onda de choque afastou a todos da mesa.  No momento seguinte havia apenas Marcelo segurando a mão de Julia.
-Vai ficar tudo bem amor. - Disse ele com o rosto colado no dela e o olhar sereno, focado em seus olhos.- Eu to aqui. - Ainda havia sangue em suas mãos, certamente conseguiu alcançar o desgraçado que havia ferido ela.
"TAG" Um estalo e miguel estava na sala junto com Alex. Que não reagiu de forma calma ao ver o ferimento na lateral do abdômen de Ju.
- Caralho gente! Tem que levar ela pro hospital. Eu to me formando, não sou medico ainda. - Gritou enquanto tentava contabilizar quanto sangue ela teria perdido pela poça de sangue em baixo da mesa e pelo rastro no chão da casa.
No momento em que ele gritou a casa ficou em silencio.
-Não da. - Falou Renato de cabeça baixa
-Por que não?
- O ferimento é magico. Algum encantamento que fizeram durante a confusão. Ele era pequeno, aumentou conforme o tempo foi passando. O corpo dela está aceitando o corte, e não lutando contra.
-Caralho aonde vocês conseguiram isso....
Silencio mais uma vez.
- Ta, mas e a cura, o namorado dela não pode curar ela não? - Alex
- Não, a cura do Marcelo é basicamente dar mais energia para o corpo dela se curar o corpo dela não está lutando contra o ferimento. E a do Miguel quando tentamos, causou mais dano ainda. Deve ser parte do feitiço. A gente ta tentando descobrir como funciona. - Antecipou Gabriel, que estava com todos os sentidos focados em analisar como Ju estava reagindo.

- A gente não vai ter tempo de descobrir nada! Ela vai morrer de hemorragia! Tem que parar o sangramento. Por que ninguém enrolou o corte ainda? Tem que por pressão! - Falou ele pegando um pano e colocando dobre a barriga de Ju antes que alguém pudesse reagir.
- NÃÃO! - Gritou Renato quando já era tarde de mais.
O cheiro de sangue fervendo cobriu o quarto enquanto todos somente fechavam os olhos e Alex urrava de dor.
-AAAA!!! - Ju urrava junto.
-PORRA! - Gritou Marcelo, empurrando Alex para longe.
- Por isso ninguém fez nada. - Renato
Segundos depois nem mesmo o pano havia se mantido em cima do ferimento. Que borbulhava e corroía sempre que alguém tentava encostar.
-Merda...- Alex falou com a expressão que ele sempre faz quando não sabe o que fazer.
- E se a gente queimasse o ferimento! - Falou Eliza levantando impaciente com a inação do grupo.
- Ta querendo matar ela! - Gritou Marcelo. Naquele momento, ele não queria que ninguém mais encostasse nela.
Eliza reagiu a toda aquela agressividade da unica forma que podia, nem de perto o que ela queria, ela somente engoliu o impeto de tacar fogo em tudo na sua frente e se segurou.
- Pode ser uma boa. - Alex falou depois de alguns segundos.
- A gente precisa tomar uma ação para estancar o sangramento agora. Isso pode fazer a gente ganhar tempo para descobrir como trata-la.
- Você consegue só fechar o ferimento? - Perguntou Marcelo com receio.
- Não garanto nada. - Respondeu Eliza da forma mais honesta que poderia. Mas sem expressar medo de tentar, conhecendo ela, ela deveria estar ansiosa para finalmente fazer algo.
- Ta ok. - Falou Marcelo se afastando da mesa a medida do possível, ainda segurando a mão direita de Ju.
 A sala permaneceu em silencio por alguns segundos.
-AAAA. - Julia se dobrava de dor em cima da mesa.
- Anda logo! - Gritou Miguel aflito.
- Cala a boca amor! - Interrompeu Eliza, já com chamas saindo se suas mãos. - To muito nervosa e ela ta se mexendo de mais, eu posso acabar assando ela. Assim não vai dar!
Um cheiro de incenso mais uma vez cobriu o ambiente, enquanto no fundo dos ouvidos uma canção calma, um canto ao som de citaras surgia. Todos os ânimos faram involuntariamente se acalmando.
- Brigado amor. Ta doendo bem menos, mas não tinha Misfits não?
Todos rimos um pouco enquanto a musica nos acalmava. Nunca entendi como alguém tão acelerado como Marcelo aprendeu essa magia, acho que aprender a lidar com a própria ansiedade todos os dias o fez entende-la de uma forma melhor. Bom a tranquilidade foi boa, enquanto durou.
- Sai da frente. - Eliza, com a satisfação que somente ela poderia descrever, gritou enquanto manipulava uma labareda em direção ao corte.
Miguel, ajudou fazendo um pequeno campo de força, limitando o fogo a área ferida.
O cheiro de carne queimada era horrível, mas todos nós sabíamos que era necessário, seguramos a ânsia de vomito por todo o processo. Algo no cheiro de carne humana sendo queimado é errado para nós em todos os âmbitos, sua alma se sente mal e seus sentidos alertam isso em você a cada segundo. Enquanto isso o fogo secava o corte e aos poucos o sangramento parou, o ferimento havia coagulado.
Ju não sentiu nenhuma dor, Marcelo somente manteve seu encantamento, a musica continuava a tocar e o cheiro de incenso aumentava.
Era nítido que Ju estava em transe, por mais que consciente ela não mais estava em contato com seus sentidos, esse era outro feitiço, esse eu nunca havia visto ele usar.
- Só não deixa ela dormir.- Sussurrou Renato.