quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sussurros Acorrentados pt. 4

"Antes algumas palavras, esse sussurro estava me perturbando, estava na minha cabeça querendo sair a dias. Depois dele haverá uma pausa nos sussurros, quero escrever algo menos tenso. Bom ai vai o 4º sussurro que vai revelar um pouco da historia."
Não havia outro jeito. Não iria conseguir continuar a minha vida de nenhuma forma. Precisava encara-los, perguntar a eles a verdade, sobre o que eles são, sobre o por que eles me incomodam tanto.
Eu estava no meu quarto, havia levado todos os espelhos da casa para ele, olhava atentamente para o canto mais distante da porta, o canto aonde vi pela primeira vez. O quarto estava iluminado apenas com velas, o ambiente estava sinistro e eu acreditava que isso atrairia eles.
Olhava para os espelhos. Por que não conseguia vê-los quando eu queria? Podia sentir a presença deles mas não conseguia vê-los. A raiva tomou minha mentes. Precisava resolver isso de alguma forma, precisava de respostas.
Soquei um dos espelhos com toda a minha força, tomado pela raiva não pensei nas consequencias. O vidro se estilhaçou na minha mão. O sangue pingava e escorria pelo espelho trincado. No reflexo um par de olhos na escuridão olhavam fixamente para o meu sangue.
- Perdeu o medo da dor? - A voz horripilante cruzou meus ouvidos.
De todos que poderiam vir, por que ele? Minhas pernas tremiam, ele me aterrorizava, seu olhar, sua voz. Engoli seco, meu medo deveria ser esquecido para que eu tivesse as respostas, levantei minha cabeça e perguntei.
- Quem é você? O que você quer?
O garoto sorrio.
- Finalmente tomou coragem. Tem certeza que é a coisa certa a se fazer? Eu posso mata-lo sabia disso?
Uma voz surgiu atrás de mim antes que eu recuasse de medo
- Não, não pode.
A aparição que eu havia visto no banheiro surgiu no espelho atrás de mim. Vestia a mesma coisa que eu, assim como da ultima vez.
- Não se meta ou terei que mata-lo também! - disse "Ele" se aproximando e esbarrando em um empecilho, foi quando consegui ver de novo as grades e grilhões e tomei um pouco mais de coagem.
- Vocês estão presos, vocês devem ter feito algo para estar ai. Por que estão presos?
- Ele não sacou nada ainda? -disso "Ele" olhando com cara de desapontado para mim. - Deixe-me alcança-lo, eu resolveria sua ingenuidade em apenas um segundo. - falou passando as suas mão pelas barras de ferro.
- Deixe de boberira. Sabe que não deve, nem pode. Garoto, você está fazendo as perguntas erradas, enquanto não começar a fazer as certas continuaremos aqui. A seis anos que você não nos escuta. A seis anos estamos presos. Agora que estamos livres não deixaremos você em paz até que resolva nosso problema.
- Por que eu que devo resolver seu problema?
- Por que você é ele! - disse "Ele" fazendo movimentos bruscos como se quisesse me atacar.
Recuo de medo. Até sentir a mão da outra aparição no meu ombro.
- Não se preocupe, não deixarei que nada te aconteça, assim que nós fazemos. Nós protegemos quem presamos. - Falou sussurrando em meu ouvido.
Por um segundo o vento levantou minha cortina e deixou a luz do sol entrar e por um segundo me senti sozinho no quarto, assim que a cortina abaixou eles não estavam mais lá. Haviam deixado mais perguntas do que respostas.
O sangue que escorria da minha mão pingou no chão. Nesse momento senti como se alguém a segurasse, um vento bateu leve e forte, levantando a cortina. O sol que entrou brilhou mais forte na forma de uma mulher. O brilho branco que era emanado do vulto enquanto o sol batia em seu rosto me deixava tranquilo. A mulher vestindo apenas um vestido brando estava inclinada para a frente, com se fizesse um curativo na minha mão.
Ela olhou para mim. Meu coração bateu forte assim que ela olhou. Como da primeira vez que senti paixão por alguém. Aquele calor no coração me veio com tudo, aquela vontade de abraça-la até que nossos corpos se tornassem um só.
Minha mão estava curada quando a cortina se abaixou, assim como o espelho. O quarto perdeu aquela luz branca, mas meu peito ainda estava com aquela sensação boa.
- Quem é ela?

domingo, 25 de julho de 2010

O labirinto de plantas pt. 1

Corria em desespero. Maldito! Pensava em quanto corria. Curva após curva reparava que estava cada vez mais perdido. Odeio labirintos.
Eu precisava chegar logo. Não sei o que ele fará com ela. Não sei até aonde ele é capaz. Pensava isso enquanto tentava memorizar o caminho que eu estava percorrendo.
Droga! Outro beco sem saída! Eu estava perdido, dentro de um enorme labirinto de plantas. Esse tipo de labirinto é pequeno e feito em jardins. Por que esse não podia ser como todos os outros?
Pensava apenas nela. Como eu pude ser idiota de deixar ele se aproximar de mais dela. Ela está em perigo, está sofrendo e é tudo culpa minha. Não pude ser um bom protetor para ela, não pude salva-la e na hora que ela corre mais perigo eu fico preso nesse MALDITO LABIRINTO.
Corri o máximo que eu pude em linha reta. Quando alcancei o máximo de velocidade que meu corpo cansado conseguiu eu pulei em um mergulho, na tentativa de ultrapassar a parede de plantas. Assim chegaria no outro lado mais rápido.
Assim que os meus braços começaram a adentrar as plantas pude senti um dor forte como se eles estivessem sendo cortados. Num movimento rápido joguei meu corpo para o lado, impedindo que ele tivesse o mesmo destino que os meus braços.
Merda! Aquele ser havia pensado em tudo. Ele colocou plantas com espinhos nas paredes e exatamente da espécie que provoca alergia em minha pele. Me pergunto a quanto tempo ele planeja isso tudo. A quanto tempo ele espera o dia que eu ficaria preso aqui. Eu ingénuo não vi nada.
Continuei correndo aleatoriamente. A necessidade de salva-la rápido me fazia nunca optar pela estratégia dos labirintos. Se eu seguisse sempre uma parede eventualmente eu chegaria ao final do labirinto. Mas não havia tempo para isso! poderia levar dias em um labirinto como esse.
Corri até chegar em uma bifurcação. Duas gémeas estavam sentadas lá. Uma em cada caminho.
Assim que me aproximei elas falaram juntas:
- Qual o caminho que mais importa para você?
- O que a salve. - Respondi.
- O que for verdadeiramente mais importante para você irá salva-la, mas apenas esse. - Elas falaram enquanto se levantavam.
As duas ao estarem em pé apontaram para o seu caminho.
- Esse é o caminho do seu querer, esse caminho é seu egoísmo. - disse a menina da direita enquanto apontava.
- Esse caminho é o caminho do seu altroísmo, é o caminho do bem dos outros e não do seu. - disse a menina da esquerda enquanto apontava para o caminho.
Dei um passo em direção ao do altroísmo, assim que o fiz as duas falaram juntas:
- Você deseja salva-la. Por que?
- Porque eu a amo, e me preocupo com ela. - respondi com convicção.
- Mas se quer salva-la por que a ama isso significa que quer salva-la para te-la junta a ti. Não faz isso pela sensação que te traz estar com ela?
- Não! Quer dizer, sim. Mas também faço pelo bem dela.
As duas se olharam, olharam para mim e falaram.
- Abriria mão de tudo para ela ficar bem?
- SIM!
- E abriria mão de tudo para ficar com ela?
- SIM!
- Abriria mão do bem estar dela para ficar com ela? - Falou a menina da direita.
- Abriria mão de tudo o que tem e teve com ela para ela ficar bem? - Falou a menina da esquerda.
Parei um pouco em quanto pensava na resposta, quando elas falaram:
- Se não pode responder essas simples perguntas, não está pronto para escolher o caminho.
Abaixei minha cabeça olhando para a grama em meus pés.
- Porque essa trilha é tão difícil? - perguntei para mim mesmo. Como assim fiço dês do primeiro momento que comecei a trilha-la.

Sussurros Acorrentados pt. 3

Parado na rua, sentado num banco de esquina, eu esperava algo. Talvez estivesse esperando algo para me tirar de lá. Não, a verdade é que eu não queria ficar em algum lugar fechado. Não queria que acontecesse de novo.
Com todas essas aparições eu já tinha certeza que estava ficando maluco. A sensação que mesmo ao ar livre e longe da minha casa eles estavam lá. Quantos eram? O que queriam? Essas perguntas passavam pela minha cabeça segundo após segundo. Não sabia mais o que fazer.
Agora não consigo mais me concentrar em nada, qualquer coisa o meu pensamento divaga para o que aconteceu, não tenho tido tempo nem mesmo para me divertir. Logo após pensar isso uma mulher loira com um corpo lindo passou por mim, imediatamente fixei meu olhos nela. Seu corpo era sem duvida espetacular, despertaria desejo em qualquer homem que o visse. Enquanto admirava o seu andar escutei um sussurrar, como se alguém estivesse falando comigo sem eu nem mesmo perceber. Me concentrei para escutar só ele e descobri uma voz. Ela dizia num timbre áspero:
- Pegue-a. Você a quer então pegue-a. Vá até ela e agarre aqueles peitos. Vamos você quer, você pode.
-Não. - Falei em voz baixa.
- Você não tinha tempo para se concentrar em nada. Mas pelo visto nisso você tem tempo para pensar. Vai lá. Agarre-a, rasgue a sua roupa!
-Não! - Gritei. Mesmo estando na rua.
Todos que escutaram num susto olharam para mim. Eu me levantei e corri, enquanto ainda escutava sua voz em minha cabeça.
Nos reflexos das vitrines reparei que em vez de mostrar todo o ambiente mostrava apenas um menino, preso atráz de uma grade, afundado em escuridão.
Após vê-lo um frio subiu pela minha espinha, em seus olhos ele tinha a maldade de um demónio, em sua alma a angustia e o poder de sair daquelas grades, eu corri.
Só parei de correr quando entrei em uma igreja, e lá fiquei. Chorando e pedindo a Deus por uma solução.
Espero que tudo passe. E eu espero nunca mais ver essa nova aparição, nunca.



A CORREÇÃO SERÁ FEITA DEPOIS. ESPERO QUE TENHAM GOSTADO

domingo, 18 de julho de 2010

Sussurros Acorrentados pt. 2

A noite passou sem mais acontecimentos, mas ainda assim não consegui dormir. Passei a noite assistindo TV, tentando distrair minha mente.
Com o tempo fui esquecendo dos detalhes do que aconteceu. A impressão de que havia algo me observando ainda permanecia, mas eu começava a sentir que nada daquilo aconteceria comigo de novo. Essa sensação durou pouco, mais exatamente até o anoitecer.
Devia ser aproximadamente sete horas da noite, havia acabado de anoitecer e eu estava prestes a me arrumar para sair, a casa não estava vazia mas estava silenciosa. As únicas pessoas na casa estavam ocupados e longe.
Andei até o banheiro para entrar no banho. Assim que entrei no banheiro me deparei com meu reflexo no espelho. Ele estava com um olhar estranho, como se fosse outra pessoa. Seu olhar mudava mais a cada segundo e a sensação de estar sendo observado vinha cada vez mais forte. Um frio na espinha me bateu, como se eu soubesse o que estava por vir.
O reflexo olhou em meus olhos e sorriu. Com medo dei um passo para traz com a mão procurando a parede para me amparar.
Aos poucos sua aparência foi se tornando estranha como a de um homem, ou quase isso. Um jovem de porte respeitável, a roupa permanecia a mesma que eu estava usando mas sua feição havia mudado quase que por completo. Ele olhou para mim, levantou suas mãos que estavam algemadas juntas e falou:
- Ele nos contou que agora você pode nos escutar. - Eu escutei quieto enquanto ele continuava.
- É verdade, não é? Agora você pode nos ouvir. Temos tanto para te dizer.
- Quem são vocês? - Perguntei assim que o medo largou a minha garganta.
- Nós? Você não nos reconhece? Não reconhece nem mesmo as nossas vozes? - Ele abaixou a cabeça. - Ela disse que só de nos escutar você saberia.
- Ela quem?
Quando ele abriu a boca para responder escutei uma porrada forte na porta. O susto me tirou a atenção, foi quando escutei a voz de minha irmã gritando:
- Sai logo do banheiro, tem mais gente para usar!
Quando olhei para o espelho de novo não havia mais ninguém nele além de mim. Tomei um banho rápido e sai de casa. Precisava esvaziar a mente. Precisava descobrir o que estava acontecendo.
Precisava saber como fazer isso parar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um novo dia!

Hoje é um novo dia, só seria melhor se estivesse sol.
Hoje será o dia da minha primeira briga, eu to com um sentimento extranhissimo de ansiedade e medo. Hoje pode ser que eu descubra que luto muito mal ou muito bem, hoje eu posso apanhar ou hoje eu posso vencer. AAAA! A verdade é que eu to cagado de medo! Nunca nem lutei ou briguei na vida. Eu posso quebrar um nariz ou uma perna, sei la! (Respira....) Ta, se der tudo certo o máximo que vai acontecer é alguns machucados e uma luta perdida pelos pontos, MAIS AINDA SIM! É A MINHA PRIMEIRA LUTA!!! Eu to assustado que nem uma menininha. Espero que eu ganhe.
Hoje também é o aniversario de uma velha amiga ( Parabéns Tata!) AHAAA geral acho que eu tava falando da Aiguma! Sim hoje é a comemoração dela, o aniversário é só depois da meia noite. Mas é um dos motivos para hoje ser um bom dia, hoje é o aniversário de uma velha amiga que eu sempre me dei bem. Acabei de apagar uma parte que tava legal desse post porque ia ser explanar umas paradas. Morram de curiosidade e já digo logo não é nada disso que vocês tão pensando xDD.
Bom hoje tem briga, tem aniversário e se tudo der certo tem mais! Bom hoje eu espero tirar esse sensação do peito de que eu podia estar fazendo muito e na verdade estou fazendo muito pouco.
Acho que hoje o post é só isso, saio daqui pensando em beber e brigar. E no bom dia que hoje pode se tornar.
Hoje é só isso que eu posto, amanha eu vou postar a continuação de Shark e Strike. E breve a segundo sussurro.
Um bom dia para vocês e para mim.


OLHA A MERCHAN!:
Lasevitch com um post de bom humor que não me fez rir mas me deu ideia de escrever algo menos sombrio!
Amanda com um post sobre amizades e sobre coisas que vocês terão ler para descobrir!
Nanda com um texto antes de um desenho sensacional recentemente colorido!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pensamentos no vazio

Ta bom, a pedido do lasevitch eu vou postar algo novo hoje. Como eu estou sem historia hoje eu postarei um daqueles pensamentos sem sentidos que mencionei no post de introdução e ai vai:
No meio de um sentimento misto de tristeza e felicidade eu me lembrei que é bom ter amigos e que é ruim se sentir esmagado por eles. Que é bom encontrar novas amizades e que com elas vem as inseguranças de lidar com alguém que você não aprendeu ainda. Que com o namoro vem responsabilidades e também vem a felicidade de voltar para casa e saber que seu companheira gostou do dia.
Esse é o primeiro dia que eu escrevo simplesmente o que está em minha cabeça e não quero me aprofundar muito. Devo dizer apenas que eu gostaria que algumas coisas melhorasse, que algumas ambições se cumprissem e que algumas amizades se tornassem só diversão. E também devo dizer que quero que muito se mantenha, que minhas novas velhas amizades vinguem, que minhas velhas amizades durem, que meu namoro e meu amor por ela nunca mude ( e assim seu amor por mim).
Sei que esse post parece uma prece, mas ele é o começo de um tipo de posts que eu espero aprender a dominar e que darão a meus leitores eu entretenimento menos obscuro.
A meus leitores uma boa noite e amanha ao amanhecer lhes posto algo engraçado para dar uma variada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Texto de Introdução

Sei que não deveria postar o texto de introdução depois de já ter postado. Mas achei que faltava algo esclarecendo o objectivo do blog e os segredos por trás do título.
Bom começando do começo, há algum tempo comecei a escrever meus pensamentos doentios num caderno. Cada vez que escrevia reparava que o caderno começava a fazer menos sentido. Foi quando tive a ideia de escrever tudo em formas de historias com um sentido escondido entre as linhas, assim meus pensamentos podiam ser expostos de forma clara, que talvez alguém além de mim pudesse entender.
Como alguns de vocês sabem, eu tenho uma mania de querer que todos saibam o que eu penso, o que perturba até mesmo a mim, esse é o motivo do meu blog.
Logo que soube da existência de blogs ( a 1 mês ) tive vontade de fazer o meu, mas foi só há 4 dias que tomei coragem de fazê-lo. Foi perfeito, eu poderia escrever meus pensamentos ou só escrever meus textos e publica-los, assim todos me entenderiam mais um pouco e poderiam me dizer o que eles acham do meus textos.
Resumo o objectivo do blog é que vocês possam ler e saber o que passa na minha mente doentia e ler alguns textos que eu acho que merecem ser lidos tendo eles um sentido escondido ou não.
O nome do blog é esse porque o primeiro objectivo dele era apenas ficar cheio dos meus pensamentos, que seriam apenas sussurros, pensamentos expostos aleatoriamente, que estavam presos na minha mente (dai Sussurros Acorrentados).
Porem lembrei-me dos problemas que tive no passado com escrever meus pensamentos e talz e reparei que apenas isso seria confuso além de desinteressante e um pouco emo. Então decidi transforma-los em uma serie de historias que terão um sentido maior do que serem apenas desabafos, elas podem entreter vocês.
A! Também me inspirei no titulo para fazer uma delas, com um clima mais de terror.
Por fim esse é o meu blog.
Obrigado pela visita, espero que vocês gostem e se identifiquem com esse blog, pois estou botando parte de mim nele. E se tiverem alguma critica é só dizer.

Do seu humilde escritor,
LucasL.A.

Abaixo a propaganda dos nossos patrocinadores ( meus blogs preferidos )
http://trololando.blogspot.com
http://orealismopelaficcao.blogspot.com
http://marystrips.blogspot.com

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sussurros Acorrentados pt.1

Escrevo minhas palavras nesse papel, pois tenho a certeza de que ninguém vai encontra-lo. Sinto que devo fazê-lo para que não aconteça de novo o que aconteceu na noite de ontem.
Noite passada eu não dormi, não por ausência de sono, mas porque algo não queria que eu o fizesse.
Minha mente devaneava na cama como sempre faz.
Com os pensamentos a mil, o sono lentamente se esgueirava pelo meu quarto escuro e se aproximava de minhas pálpebras.
Um pouco antes que eu pudesse pegar no sono escutei um pequeno suspiro, como um suspiro de alivio, não sei ao certo se escutei, pois foi como se ele não tivesse passado pelas minhas orelhas, como se eu tivesse pensado. Não! Como se alguém tivesse falado na minha mente.
Abri os olhos rapidamente, enquanto uma adrenalina gélida passou por todo o meu corpo. Permaneci imóvel na cama enquanto esperava que algo acontecesse que confirmasse que era tudo da minha imaginação. Uma sensação estranha, como se eu estivesse sendo observado me envolveu. Senti que alguém estava a me observar, essa sensação vinha do canto do meu quarto mais longe da porta.
Ainda estava imóvel, dessa vez olhando fixamente para o canto aonde percebi essa presença quando eu ouvi mais uma vez, dessa vez não era mais um simples suspiro, consegui distinguir de fato palavras, faladas com muito esforço em uma voz rouca e dolorida.
- Consegue me ouvir? - Escutei claramente, e durante alguns segundos congelei num pavor extremo.
- Pela reacção acho que você finalmente consegue me ouvir. - Escutei ainda travado pelo medo.
Do canto escuro que eu fixava os olhos consegui distinguir um vulto que pouco a pouco tomava uma forma. Um garoto com roupas antigas e sujas, cabelos negros e bagunçados estava ajoelhado olhando para baixo, preso ás sombras por grilhões e correntes. Ele voltou seu rosto para mim, olhou no fundo dos meus olhos e sem que ele mexesse a boca pude escuta-lo falar:
- A quanto tempo nós não conversamos.
Em desespero sai do meu quarto em disparada para a sala, que eu havia deixado com as luzes acesas.
E esse foi o fim do primeiro sussurro.

Introdução: Shark

Corri. Corri até não poder mais, até cair no chão, não queria me levantar. A terra molhada pela tempestade que caia naquela noite cobria meu rosto. Chorava, Chorava até meu corpo não ter mais lágrima para chorar. Fiquei lá caído, chorando.
A chuva caia batendo nas folhas das copas das arvores, empossando a terra, e me afundando cada vez mais. Sujo, caído entre raízes eu permanecia imóvel.
Escutei vozes, não queria ser visto, não queria falar com ninguém, por isso voltei a correr. Não parei de chorar nem por um instante.
Fraquejei, tentei não olhar para traz, mas não consegui, a imagem de uma casa em chamas chegou até meus olhos, uma mansão despencando consumida pelo fogo. Chorei, chorei e gritei a plenos pulmões, um grito de perda que tenho certeza que almas mesmo que sem escutar o sentiram, um grito que causou arrepio no mais frio dos anjos e no mais cruel dos demônios, um grito de ódio, tristeza e solidão.

Introdução: Strike

Todo o dia para mim amanhece vermelho, acordo olho para o céu da pequena janela ao lado direito da cama, e não me sinto quente nem bem em saber que o dia esta bonito. Acendo um cigarro, ainda deitado na cama, olho em volta para a zona que é o meu quarto, e normalmente acontece o que aconteceu hoje.
Ainda não me levantei e já percebi que há alguém no meu quarto. Com esse cheiro forte de crack não é ninguém confiável. O maior dos meus pensamentos nesse segundo é um arrependimento por não ter consertado a porta de casa, o que certamente possibilitou a entrada de mais dos capangas do Ford.
-A ultima vez que um de vocês passou aqui não lhes ensinou nada? - Pergunto sem me levantar pôs sei que se eu me levantar ele ira partir para cima de mim.
Sem resposta.
Sento-me sem movimentos bruscos, tentando conter meu ódio e minha ansiedade. O homem, que se torna mais visível agora que o sol saiu do meu rosto, veste apenas trapos, carrega com ele um taco de beisebol. Está mascando um chiclete florescente, o que todos os capangas fazem para se manter alerta, quando você se concentra seus efeitos ficam sólidos te deixam com os sentidos apurados, com mais força e completamente anestesiado. Seu olhar vidrado e fixo não deixa duvida, ele é encrenca na certa.
E mais uma vez o dia amanhece vermelho.(...)