sábado, 19 de janeiro de 2013

Dando credito a quem merece. pt. 1 ( Mais uma historia sobre magia)


- Ela ta sangrando!
O barulho ecoava de longe, antes mesmo do grupo adentrar o Caern.
-Corre porra! Levanta a cabeça dela! Não deixa ela desmaiar!
-Olha pra mim Ju vai ficar tudo bem.
-Liga logo para o Alex!
-Vou buscar ele. - Falou Miguel milésimos antes de com um chute sem alvo, desaparecer no ar.
 Eles a carregaram até uma mesa de plastico branca que havia no centro da sala, e em nenhum momento a Julia parou de gritar.
-AAAA! Eu vou morrer porra! Cadê o Marcelo?
Um som forte de vidro trincando se espalhou mais alto do que os gritos de agitação, um cheiro de incenso infestou o ar enquanto isso uma onda de choque afastou a todos da mesa.  No momento seguinte havia apenas Marcelo segurando a mão de Julia.
-Vai ficar tudo bem amor. - Disse ele com o rosto colado no dela e o olhar sereno, focado em seus olhos.- Eu to aqui. - Ainda havia sangue em suas mãos, certamente conseguiu alcançar o desgraçado que havia ferido ela.
"TAG" Um estalo e miguel estava na sala junto com Alex. Que não reagiu de forma calma ao ver o ferimento na lateral do abdômen de Ju.
- Caralho gente! Tem que levar ela pro hospital. Eu to me formando, não sou medico ainda. - Gritou enquanto tentava contabilizar quanto sangue ela teria perdido pela poça de sangue em baixo da mesa e pelo rastro no chão da casa.
No momento em que ele gritou a casa ficou em silencio.
-Não da. - Falou Renato de cabeça baixa
-Por que não?
- O ferimento é magico. Algum encantamento que fizeram durante a confusão. Ele era pequeno, aumentou conforme o tempo foi passando. O corpo dela está aceitando o corte, e não lutando contra.
-Caralho aonde vocês conseguiram isso....
Silencio mais uma vez.
- Ta, mas e a cura, o namorado dela não pode curar ela não? - Alex
- Não, a cura do Marcelo é basicamente dar mais energia para o corpo dela se curar o corpo dela não está lutando contra o ferimento. E a do Miguel quando tentamos, causou mais dano ainda. Deve ser parte do feitiço. A gente ta tentando descobrir como funciona. - Antecipou Gabriel, que estava com todos os sentidos focados em analisar como Ju estava reagindo.

- A gente não vai ter tempo de descobrir nada! Ela vai morrer de hemorragia! Tem que parar o sangramento. Por que ninguém enrolou o corte ainda? Tem que por pressão! - Falou ele pegando um pano e colocando dobre a barriga de Ju antes que alguém pudesse reagir.
- NÃÃO! - Gritou Renato quando já era tarde de mais.
O cheiro de sangue fervendo cobriu o quarto enquanto todos somente fechavam os olhos e Alex urrava de dor.
-AAAA!!! - Ju urrava junto.
-PORRA! - Gritou Marcelo, empurrando Alex para longe.
- Por isso ninguém fez nada. - Renato
Segundos depois nem mesmo o pano havia se mantido em cima do ferimento. Que borbulhava e corroía sempre que alguém tentava encostar.
-Merda...- Alex falou com a expressão que ele sempre faz quando não sabe o que fazer.
- E se a gente queimasse o ferimento! - Falou Eliza levantando impaciente com a inação do grupo.
- Ta querendo matar ela! - Gritou Marcelo. Naquele momento, ele não queria que ninguém mais encostasse nela.
Eliza reagiu a toda aquela agressividade da unica forma que podia, nem de perto o que ela queria, ela somente engoliu o impeto de tacar fogo em tudo na sua frente e se segurou.
- Pode ser uma boa. - Alex falou depois de alguns segundos.
- A gente precisa tomar uma ação para estancar o sangramento agora. Isso pode fazer a gente ganhar tempo para descobrir como trata-la.
- Você consegue só fechar o ferimento? - Perguntou Marcelo com receio.
- Não garanto nada. - Respondeu Eliza da forma mais honesta que poderia. Mas sem expressar medo de tentar, conhecendo ela, ela deveria estar ansiosa para finalmente fazer algo.
- Ta ok. - Falou Marcelo se afastando da mesa a medida do possível, ainda segurando a mão direita de Ju.
 A sala permaneceu em silencio por alguns segundos.
-AAAA. - Julia se dobrava de dor em cima da mesa.
- Anda logo! - Gritou Miguel aflito.
- Cala a boca amor! - Interrompeu Eliza, já com chamas saindo se suas mãos. - To muito nervosa e ela ta se mexendo de mais, eu posso acabar assando ela. Assim não vai dar!
Um cheiro de incenso mais uma vez cobriu o ambiente, enquanto no fundo dos ouvidos uma canção calma, um canto ao som de citaras surgia. Todos os ânimos faram involuntariamente se acalmando.
- Brigado amor. Ta doendo bem menos, mas não tinha Misfits não?
Todos rimos um pouco enquanto a musica nos acalmava. Nunca entendi como alguém tão acelerado como Marcelo aprendeu essa magia, acho que aprender a lidar com a própria ansiedade todos os dias o fez entende-la de uma forma melhor. Bom a tranquilidade foi boa, enquanto durou.
- Sai da frente. - Eliza, com a satisfação que somente ela poderia descrever, gritou enquanto manipulava uma labareda em direção ao corte.
Miguel, ajudou fazendo um pequeno campo de força, limitando o fogo a área ferida.
O cheiro de carne queimada era horrível, mas todos nós sabíamos que era necessário, seguramos a ânsia de vomito por todo o processo. Algo no cheiro de carne humana sendo queimado é errado para nós em todos os âmbitos, sua alma se sente mal e seus sentidos alertam isso em você a cada segundo. Enquanto isso o fogo secava o corte e aos poucos o sangramento parou, o ferimento havia coagulado.
Ju não sentiu nenhuma dor, Marcelo somente manteve seu encantamento, a musica continuava a tocar e o cheiro de incenso aumentava.
Era nítido que Ju estava em transe, por mais que consciente ela não mais estava em contato com seus sentidos, esse era outro feitiço, esse eu nunca havia visto ele usar.
- Só não deixa ela dormir.- Sussurrou Renato.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Srta. Liberdade

Nunca fui bom em escrever sobre ela, acho que eu a temo tanto que esqueço o quanto ela faz parte de mim, e do que eu chamo de felicidade. Mas de qualquer jeito aqui vai uma homenagem a ela, espero que ela goste.

Toda noite boa começa igual. Chamem de clichê se quiserem, mas pelo sentir do vento e pelo brilho da Lua  da para saber exatamente quando a noite vai ser boa. Vejo isso também nos olhos dos meus companheiros, cada um deles sente o mesmo. Alguns gritam e uivam de alegria, outros só sorriem em silencio. Mas todos sabem antes da noite começar que ela vai ser boa. E toda noite boa precisa ser passada ao ar livre.

Lá mora o espirito para qual eu brindo toda a noite, em sua forma turva e tribal ele dança em círculos ao lado de Luna, de mãos dadas até a noite acabar. Nós o vemos, nós o veneramos. Sob sua benção tenho guiado minha vida. Como uma fútil corrida por mais dois minutos na presença dele. Fazendo de tudo para não perder um segundo de sua influencia. Por que todos sabem que tão repentinamente quanto ele aparece quando o Sol se põe e da espaço a uma noite boa, ele se vai com o primeiro raio de Élios.

O vento bate gelado, quase como se hoje ele estivesse mais fluido e mais espalhado. Disseminando com ele o agrado e o proveito na sua forma mais pura. Cada um gosta mais de um tipo de clima, de uma temperatura. Mas nesses dias todos respiram fundo e comentam a mesma coisa: " O clima ta bom hoje, né."

Nesse momento todos sabem o que fazer, cada um com seu ritual para a noite ser aproveitada ao máximo. Uns tomam um banho quente e vestem a roupa mais confortável do armário. Outros tomam um banho frio e se arrumam bem, como se fossem para uma festa importante. Alguns vestem roupas pesadas e abraçam um sentimento mais agressivo. Alguns penduram símbolos de sua fé. Alguns ligam para as pessoas amadas. Mas todos agem com somente o proposito de sair na rua para se sentir bem. Com sigo mesmo, com os outros, com suas decisões, com suas vidas. Apenas curtir, da maneira mais pura e bruta. Beber e cantar, dançar e beijar, correr e brigar. Nessa noite as duvidas somem, tudo fica claro conforme o extasie nos envolve. E todos os malis e as alegrias dos dias passados são resumidos na presença de tal sensação.

Poderia passar horas descrevendo cada pequena alteração que esse extasie causa em mim. Cada pensamento, cada sensação. Ele limpa todas as minhas incertezas e me liberta de cada pesar. Ele me veste das minhas maiores vontades. Somente descrever as sensações seria fútil, acredito que todos já as conhecem. Faço esse texto para descreve também os meus rituais preferidos.

Primeiro, eu bebo. Quando eu sinto que a noite é boa eu bebo até que eu desprenda meu corpo de cada pensamento que não envolve o ali e o agora. E antes sempre de beber eu brindo:
                  Aos meus amigos, minha matilha, por que sem eles nada disso teria o mesmo gosto, a mesma magia. Nenhuma noite seria boa sem eles ao meu lado para compartilhar da mesma sensação, e eu sou coberto da certeza que somente nós conhecemos ela tão bem. E nenhum dia teria sentido sem eles para dividir.
                 Ao Todo e Poderoso deus que jaz em meu copo, por que não existem argumentos para discutir o fato de que sem ele, nenhum de nós saberia tanto de si mesmo nem dos outros a nossa volta, se ele não existisse para aliviar as amarras de nossas mentes e deixar nossas vontades fluírem.

                E por ultimo eu faço uma brincadeira, eu digo as seguintes palavras em inglês: "All the way down, and all the way up again." Essas palavras são a minha inspiração para esse texto e eu decidi que terminarei essa descrição que poderia durar horas, falando apenas delas.
               
                Ninguém até agora pouco tinha me perguntado o significado dessas palavras, sendo assim nunca tive que dissertar sobre o que de fato elas significavam. Essa palavras significavam a principio a ideia de beber. A ideia bebermos nosso caminho até o inferno e depois beber nosso caminho até o céu de novo.
               Posteriormente vi que essas palavras simbolizam mais que isso, elas simbolizam uma sensação, uma sensação que me domina numa boa noite, a sensação de beber, ou brigar, ou gritar, ou dançar, ou transar nosso caminho até o inferno, até estarmos cobertos de exaustão física e mental, até nossos corpos pedirem arrego mas nossas cabeças gritarem vontades. E desse ponto fazer o mesmo todo o caminho até o céu, o paraíso, o orgasmo, a satisfação. Todas essas sensações que preenchem o nosso peito no final de uma noite que foi, sobre todos os seus pontos de vista uma boa noite.
               Essas palavras simbolizam um brinde a liberdade. A Liberdade que me guia para a rua, para minhas vontades, para minha felicidade. A liberdade de fazer o que eu quero até o exagero, até a satisfação. Sem peso, sem remorso, sem preocupação, pelo menos por uma noite. Por uma noite a Liberdade aparece em seu vestido prata e dança ao redor da Lua e sob a luz dela todos se libertam e se deixam levar para essas noites que acontecem tão pouco, mas que de imortalizam na minha memoria, cada uma delas.

               E no dia seguinte você acorda na cama com suas companheiras mais próximas "a recordação", "a satisfação", as vezes "a vergonha" e a sempre presente "a vontade" de mais uma noite boa.

               A e é claro, a imensa e irritante "ressaca".... Que sempre da seu jeito de aparecer no pós festa....
               


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mais uma historia sobre magia "origem" pt.1

Ele não fazia nada. Era a primeira vez que ele passou tanto tempo sem sair do seu quarto. A primeira de muitas vezes. Sua mãe havia viajado, sua irmã foi passar o final de semana com o pai. Ele poderia ter ido com eles, mas não via mais graça em sair de casa, massacrado por uma tristeza imensa ele preferiu ficar. Preso no esquecimento que tantos e tantas coisas já entraram.
Era o terceiro dia que ele permanecia lá, imóvel. Seu corpo não mais coçava, seus olhos não ficavam desconfortáveis de estar fechados. Por poucos instantes sua mente saia da dor e pensava no como ele agüentou tanto tempo sem sentir fome e sem querer ir ao banheiro, mas logo em seguida sua mente voltava a explorar o esquecimento e a solidão.
Algo parecia certo, algo em sua depressão e em sua magoa parecia apontar para uma escapatória, ou para o conhecimento, e qualquer um deles valeria a pena de ser alcançado. Sem que percebesse sua energia se mexia intensamente, absorvia cada gota de vida no ambiente que estava. Pouco a pouco começou a absorver a luz que corria a sua volta, o som e o ar. “E quando a sua volta existia somente o nada, a dor, e o esquecimento” ele abriu os olhos e viu o outro lado, o reino de baixo.(?)
Sem que ninguem o explicasse nada, ele sabia o que tinha feito. Ele sabia onde estava e o que precisava fazer para voltar. Então, após alguns momentos, seu corpo e sua mente ja nao aguentavam mais o esquecimento.  E foi se concentrar na importância que tinha para sua família e seus queridos que ele voltou.
- UOU. Preciso de um cigarro.
Estendeu a mão apanhou o isqueiro o colocou perto do rosto. Enquanto ele tragava o ar, vindo fogo começou a surgir, feito de chamas e da energia que havia coletado, um cigarro. Vindo do nada, formado pelas pequenas vias de fogo, como aquelas que surgem no papel subiram pelo ar em direção a sua boca.
Depois de um trago forte ele soltou a fumaça no ar, manipulando ela levemente com sua mente. Ele sorriu e fez uma referencia que descrevia tudo o que sentia:
- Magic!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O monstro

Eu tenho 6 anos e to correndo atrais da bola.
- Corre corre... - a pequena voz fala. - corre... Você vai jogar bem, vai deixar todo mundo impressionado.
Eu corro, meu coração acelera, muito. Minha respiração começa a falhar.
- Para de correr, você ta cansado, para. Já chega. Você não gosta de futebol mesmo. Você tem bronquite, eles não entendem. - diz o "monstro".
Eu paro de correr. Meu coração está a mil. Minha respiração ta parando.
- Merda. - eu penso.
- Qual foi gordinho, canso? Quer ajuda?


GORDO! RUIM DE BOLA! FRACO!

Eu tenho 10 anos e estou fazendo escalada. Eles aplaudem quem chega no fim da parede. Eu nunca nem cheguei na parte invertida. Hoje eu to quase chegando lá.
- Vai...vai. - diz a pequena voz - Você consegue, vai impressionar eles, vai impressionar elas. Vai!
Eu continuo subindo.
- Chega, você ta cansado, já chega. Solta. Ano que vem você continua. - diz o "monstro".
Eu estendo a mão e alcanço a primeira agarra do invertido. E solto.
Saiu da parede orgulhoso de mim mesmo. Enquanto todos olham pra mim com desprezo em seus olhos.
- Por que você desistiu? - pergunta o professor desapontado.
- Eu tava cansado. - menti. Para ele, para mim, menti. - Eu termino ano que vem.
Nunca mais voltei na escalada.

FRACO! GORDO! MERDA!

Eu tenho 5 depois, depois 6, depois 7... Eu tenho 17.
Meu melhor amigo faz piadas de mim por que o único livro que eu consegui ler a minha vida toda foi: "As ferias de Pikashu". Se ele soubesse que eu não conseguir terminar de ler nem esse.
- Porra moleque, você tinha que ler "deuses". A é, não tem o pikashu.
Eu olho para baixo com vergonha de mim. Riu, finjo que levo na brincadeira.

FRACO!

Minha vida toda.

FRACO!

As meninas me olham.

GORDO!

- Você seria bonitinho se fosse um pouco mais magro. - 12 anos.
- Você nunca vai ficar como ele. - 10 anos
- Desculpa amor, mas ele é muito gostoso. - 18 anos

- Meu maior sonho é emagrecer. É ser quem elas olham. - pensava. -
- Você consegue, ai você já não é mais tão gordo quanto você era. - pequena. -
- É ruim, dói, não da resultados. Você nunca vai ser magro. Fica em casa, não sai, não malha, não corre. Você tem bronquite e é gordo. É feio quando você corre, você não consegue. Eles são melhores de bola, melhores corredores, mais magros. PARE DE TENTAR. - o "monstro" ganha.

FRACO! GORDO! MERDA!

-Minha faculdade ta difícil. ---- "mostro"
- Vamos caminhar na praia amor. ----"mostro"
- Cara lê esse livro. ----"mostro"
- Você precisa fazer o R.P.G. ----"mostro"
- Vai ver isso no medico. ----"mostro"
- Por que que você não faz um óculos.----"mostro"
- Por que você não estuda.---"mostro"

Minhas maiores vitorias:

Meio "Deuses americanos"
Meio " O Rei do inverno"
Um ano e meio de kung Fu
Brilha, Brilha entrelinha no violino
Meias historias no meu blog
3 anos de uma matilha forte e unida
4 anos do melhor namoro que alguém pode ter


Aguentar um segundo dói, um dia é difícil, meio livro é quase impossível.


Tem sempre uma hora que o monstro me ganha.


É só uma questão de tempo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Mais uma historia sobre magia... pt.8

Escutamos um estrondo vindo do primeiro andar. Logo depois uma voz.
- Bosta!
Eu fui o primeiro a me teletransportar e ver de perto quem era nossa visitante. Logo depois chegou Liza literalmente cuspindo fogo.
- PARA AMOR! - Gritei - É a Bia.
Liza parou antes que o fogo nos alcançasse.
- Bia! Que saudade. O que te traz aqui? - Falei a abraçando.
- Ontem alguém invadiu minha casa, não sei quem foi mas eu imaginei que talvez vocês tivessem envolvidos. Somente um bom mago conseguiria.
- Bia! Tudo bom? - Falou Gabriel com um sorriso interessado.
- Bia, você ainda está praticando a magia das sensações? - perguntou Renato
- Claro. Estou ficando honestamente muito boa.
- Acha que você pode usar para interrogar alguém? - Falou Gabriel adiantando o pensamento do Renato.
- Acho que sim, mas do que que vocês estão falando? Quem invadiu meu apartamento a propósito? O que é que ta rolando aqui?
Eliza explicou tudo para ela, enquanto eu e Ju saímos para armar a vigia e Gabriel e Renato preparavam o interrogado.
- Será que vai dar certo? - Perguntou Ju aflita. - Eu quero logo saber quem são eles e o que é que eles querem.
- Relaxa, acho que vai dar tudo certo. Renato não costuma ter más idéias.
- É. Essa parte é sua né.
Rimos um pouco até que o silencio tomasse controle. Tentávamos sempre parecer calmos, mas dessa vez era visível a preocupação em nossos rostos. Talvez o que estivesse rolando fosse um pouco mais serio nós pensávamos. Apesar dos leves machucados ninguém se feriu. O que nos dava a ilusão de que tudo estava bem. Mas e se não estivesse?
Nós nunca havíamos visto magos tão fortes e tão diferentes.
- Está tudo pronto! - Gritou Eliza de dentro do Caern.
Ju Chamou seu gato para ficar de vigia enquanto o interrogatório acontecia.


O porão estava pronto. Arrumado para parecer uma sala inofensiva. O interrogado estava no sofá, inconsciente. Tudo parecia extremamente tranqüilo e aconchegante.
Bia estava arrumada com um avental e estava com uma aparência inofensiva e agradável.
- Só vou poder manter a mente dele sem memoria de hoje por uma hora. Acha que consegue? - Perguntou Renato se sentando.
- Farei meu máximo.
- Vamos começar.
Todos se sentaram junto com Renato atrais de uma tela, quase como um vidro policial. Nós podíamos vê-lo mas ele não poderia nos ver.

Quando a Bia entrou no quarto ela estava com um olhar diferente. Todo o ambiente do quarto mudou.
- Eu fiz biscoitos! Falou rindo enquanto acordava o interrogado.
O homem acordou completamente desnorteado.
- O que é que está acontecendo. Quem...
- Relaxa. - Falou a bia passando a mão por ele. - Você está em casa. E você tem biscoitos caseiros para comer.

- A energia dela é incrível.- Falou Gabriel em nossas mentes.
Antes que ele dissesse todos nós ja tínhamos sentido. No segundo que ela falou: "relaxa", uma enorme sensação de tranquilidade invadiu nossos corpos e o cheiro de biscoitos tomou nossas mentes.
- Uau! - Falou Renato
- É. E a energia está concentrada nele. Nós devemos estar recebendo só o que sobra, e minha boca já está cheia de água. Esse cara ta frito. - Completou Gabriel

- Come um biscoito aqui que eu to acabando de preparar a costela, enquanto isso só relaxa ai e assiste um pouco de televisão.
O homem reclinou para trais e como se nunca houvesse questionado o que estava acontecendo começou a comer os biscoitos enquanto assistia televisão. A satisfação em seus olhos era tanta que ele parecia uma criança.
Quando a Bia voltou ela carregava um tabuleiro de costela de porco no molho e uma cerveja que só poderia ser descrita como perfeita.
O homem comia insanamente enquanto a Bia falava. No segundo em que a costela acabou o homem não parecia nem um pouco cheio. Como se a vontade de comer tivesse apenas aumentado.
- Quer sobremesa meu amor? - Perguntou a Bia enquanto recolhia o tabuleiro.
O homem só havia tomado meia garrafa de cerveja e já estava completamente embriagado.
- Claro! - Falou com uma cara de quem faria qualquer coisa por aquela sobremesa.
Quando a Bia voltou ela estava carregando um prato com o que eu descreveria como o mais bonito "petit gateau" que eu já tinha visto. Coberto com uma imensa bola de sorvete e banhado em calda de chocolate.
O homem tremia apenas em ver a sobremesa. Sua boca salivava, suas mãos transpiravam.
- Você quer?
- Claro!
- Faria qualquer coisa por isso?
- Claro!
Todos nós também estávamos salivando.
- Existe algo mais que você queira tanto nesse mundo?
- Não.
- Nem mesmo o que você veio aqui procurar?
O homem demorou para responder. Foi quando a onda de energia da Bia junto com o cheiro sobrenatural daquele "petit gateau" se intensificou que a resposta veio.
- Nem mesmo isso.
- Então se o quer que você veio procurar não é tão importante você não se importaria em me contar exatamente o que é.
- Não posso.
- Bom, acho melhor jogar a sobremesa fora então.
- Não!
- Decida-se
O homem suava, seu corpo tremia desesperadamente. Ele não conseguia tirar os olhos da sobremesa por um segundo. Foi ai que o aspecto "interrogatório" se tornou claro.
- Ok. Eu falo. É apenas uma pedra.
- O que é tão importante nessa pedra?
- Não sei!
- Poxa, mas você esta tão perto. Falou deixando um pouco de calda cair no sofá.
O homem lambeu desesperadamente o sofá e depois voltou a falar.
- Ta bom! A pedra não faz nada sozinha. Mas na mão de um mago ela pode ser usada para um novo tipo de magia.
- Que tipo de magia? - Falou tirando um pedaço da sobremesa com a colher e indo com ela lentamente em direção ao homem.
- Não sei. Hugo é quem os deseja tanto. Dizem que essas pedras são fragmentos do Espírito de Gaia, que está se quebrando. Estão surgindo por todo o mundo pedras como essa. E como são tão poderosas muitos magos estão nessa busca.
- Você foi um bom garoto. Agora, aonde seus amigos estão escondidos?
- De baixo do museu! POR FAVOR EU TE IMPLORO ME DEIXA COMER!
-Ok.
Ela soltou o prato na mesa e o homem enfiou o rosto nele logo em seguida. Usando suas mãos para comer. Logo depois ele apagou.
- Uau. - Repetiu Renato.
- Acho que eu to apaixonado. - Falou Gabriel.
- Sobro um pouquinho de sobremesa? - Perguntou Eliza com água na boca enquanto íamos amarrar o homem de novo.

O resto da noite foi de álcool e pesquisa. Mais álcool do que pesquisa, afinal estávamos festejando duas vitórias consecutivas. A sorte estava finalmente do nosso lado e a lua estava começando a ficar cheia.

Mais uma historia sobre magia... pt.7

Todos esperava-mos ansiosamente que Renato aparecesse.
- Merda, odeio esperar. - Falei enquanto sentava no meio fio. - E por que diabos ele não da noticia nenhuma na "rede"?
- Você conhece o Renato cara, ele fica todo irritadinho tendo que dar satisfação para alguem. - Falou Eliza enquanto brincava com uma bola de fogo violeta. - Se ele tivesse encrencado ele teria gritado. Eu só consigo é pensar no que vou fazer com aquela pirralha quando ela aparecer aqui.
Gabriel que estava de vigia foi o primeiro a pressentir. - Ele ta chegando.
Num flash coberto de eletricidade Renato apareceu com um sorriso arrogante na cara.
- Aonde você tava porra? - Gritou Gabriel.
- A TA! Da proxima vez você é a isca então! Não fode! Querem saber ou não? - Falou limpando o sangue da boca.
- Diz logo. O que que houve? - Ju perguntou ansiosa.
- Vem comigo pro porão eu tenho uma surpresa.

O ar ficou denso de uma vez.
Eu sempre me surpreendo como magias, como teleporte, feitas em grupo ficam muito mais fáceis de se executar. Em um instante todos estavam no porão. Observando o homem em roupa de kung fu se contorcendo. Tentando com todas as forças sair do incrível numero de feitiços, símbolos e cordas que o prendiam.
- Que porra é essa? Cadê a menina? - Falou Eliza tentando esconder sua decepção.
- Não apareceu.
- Que merda. - Falou Eliza deixando bem claro sua decepção.
- Ei! Nem olha para mim. A culpa não é minha se ela só apareceu para encher o seu saco. Eu arrasei.
- Pode crer. - Disse Gabriel.
- Mas já adianto logo: ele não vai falar a base de só tortura. Meio que já tentei. Acho que ele não senti mais dor. Algum feitiço, que por acaso eu preciso descobrir.
Não havia muito a ser dito. Todos olhávamos fixamente para o inimigo enquanto tentávamos descobrir o que fazer.
Não demorou muito dessa vez até a sorte nos jogar uma corda.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O agora

No meu coração o vazio continua. Pessoas passam por mim, me perguntam coisas, me falam coisas. Como se eu escutasse. Dia após dia eu vejo o mundo através de uma tela de vidro, até mesmo as coisas que eu mais prezava agora andam do outro lado como se tivessem se misturado ao fundo.
Tenho medo de destruir a vida daqueles que estão tentando quebrar o vidro. Eles se esforçam, suam, machucam suas próprias mãos para me tirar daqui. Choram e gritam para que eu reaja, para que eu lute. Acho que eles não vêem através do vidro.
Eu quero sair.
Eu quero sair.
Eu quero sair.
EU QUERO SAIR!

Uma sabia pessoa me disse que eu não sei o significado de processo. Que eu não entendo que algumas coisas demoram. Eu não quero que demore. Eu quero sair daqui. Quero sentir seu abraço, quero sentir seu beijo. Eu quero sair.

E se eu não conseguir. E se eu for ficar aqui, para sempre. Não vale mais a pena eu simplesmente ir embora? Levar meu vidro e minha agonia para longe das pessoas que eu amo. Deixar que elas sejam felizes.

Maldito vidro, quando foi que ele apareceu aqui.
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Eu quero sair...